sexta-feira, 18 de março de 2016

Zika: Apresentação clínica na emergência

Apresentação clínica do paciente com ZIKA

Definição: Doença viral exantemática aguda causada pelo flavivírus Zika (ZIKAV), transmitido a partir da picada de mosquitos Aedes aegypti.
Apresentação Clínica:
  • Mais de 80% dos infectados são assintomáticos.
  • Principais queixas: Exantema maculopapular pruriginoso, febre baixa intermitente, mal-estar, astenia, artralgia, mialgia, cefaleia, hiperemia conjuntival sem prurido e não purulenta. Menos frequentemente, edema de extremidades, hematospermia e linfadenopatia podem manifestar-se.
  • Evolução: Benigna, auto limitada, com desaparecimento espontâneo dos sintomas em 3 a 7 dias. Artralgia pode permanecer por até 1 mês.
  • Síndrome de Guillain-Barré: Embora ainda não confirmada, relatada a associação de maior risco de síndrome de Guillain-Barré em pacientes com infecção recente pelo Zika vírus em áreas de circulação simultânea com o vírus da dengue (possível reação cruzada).
  • Sinais de Alarme: Hipotensão; desidratação importante; parestesia, paresia ou paralisia de membros inferiores.
  • Pacientes com alto risco de evolução desfavorável: Numa minoria de casos, pacientes com doenças graves podem apresentar evolução desfavorável, especialmente: pacientes imunosuprimidos, portadores de doenças terminais, portadores de insuficiência cardíaca, doença pulmonar obstrutiva crônica e outros, sendo a infecção viral um fator descompensante da doença de base.

  • Zika: Transmissão sexual e os jogos olímpicos

    Na última terça-feira (02 de fev. 2016) o CDC (Center for Disease Control and Prevention), maior órgão de controle de doenças dos EUA, confirmou um caso de infecção pelo Zika vírus com transmissão por via sexual. O paciente, morador do Texas, se infectou após manter relações sexuais com uma pessoa que havia retornado da Venezuela.
    Em 2015 o CDC já havia publicado um relatório, que apontava a presença do vírus no esperma de pacientes contaminados durante a epidemia de 2013 na Polinésia Francesa.
    Esta descoberta apenas aumenta as preocupações a respeito da epidemia que se espalha pelas Américas, afetando 23 países, e colocando os governos e a OMS em alerta máximo.
    A grande preocupação das autoridade é a associação com casos de microcefalia em recém nascidos de gestantes que habitam regiões endêmicas do Zika. No Brasil foram registrados mais de 4800 casos suspeitos de microcefalia (404 já confirmados) em áreas acometidas pelo Zika no Brasil. Este dado apenas aumenta o medo do impacto que disseminação desta epidemia pode causar em todo o mundo.
    O ministério da saúde anunciou a detecção de um caso por transfusão sanguínea. O caso ocorreu em campinas após um paciente baleado receber diversas transfusões. Aumentando os precedentes de transmissão.
    A nova preocupação dos cientistas internacionais é com os jogos olímpicos que aconteceram este ano, em agosto, no Rio de Janeiro. São esperados ao menos 500.000 pessoas durante o período o que poderia disseminar ainda mais a doença pelo mundo e colocar em risco visitantes do sexo feminino que estejam em idade fértil. Hoje acredita-se que existam 1.5 milhões e brasileiros contaminados com o Zika.
    A prevenção de novos casos de Zika está relacionada a redução na população do mosquito vetor, prevenção de novas picadas em pacientes contaminados, e, com a nova descoberta do CDC, a conscientização populacional de que deve-se evitar o contato sexual, utilizando preservativos, com pessoas potencialmente contaminadas.
    A epidemia é uma realidade e precisamos lidar com ela diariamente no diagnóstico, tratamento e aconselhamento de pacientes. O controle desta epidemia é responsabilidade das autoridades, porém com certeza todos os profissionais de saúde possuem um papel central nesta batalha.
    Referências:

Hidratação: A verdade sobre o consumo diário de água

Hidratação: A verdade sobre o consumo diário de água
agua


250-BANNER4A água compõe dois terços de nosso corpo e três quartos de nossa massa corporal magra. Não é de se espantar que a água seja o nutriente mais essencial para o corpo humano, sem a qual o mesmo não seria capaz de sobreviver em questão de dias. Embora saibamos tanto sobre a fisiologia do balanço de água no corpo humano, uma pergunta continua sem resposta: afinal, qual deve ser nosso consumo de água diário?
Muitos acreditam que a verdade universal do consumo de água seja de 2 litros de água por dia, e fontes nacionais e internacionais recomendam esta ingesta diária. No entanto, esta informação não é baseada em evidência científica.
A resposta para a quantidade de água que deve ser ingerida diariamente é individual e deve seguir seu balanço hídrico. Nenhum volume padrão seria capaz de refletir as necessidades individuais e diferentes perdas relacionadas a atividade diária do corpo humano e os fatores ambientais que o cercam.
Como a quantidade ideal é determinada pelo próprio balanço hídrico do corpo humano e suas perdas, quem melhor do que o próprio corpo humano para nos dizer a quantidade de água que precisamos? A grande verdade, portanto, é que o melhor parâmetro é a sede. No final das contas, sentir sede é o natural, e saciar a sede tão logo seja possível é a medida recomendada.
Em condições adversas, como em pacientes doentes e acamados ou em quadros diarreicos e de desidratação, no entanto, os cuidados de hidratação não devem unicamente seguir o parâmetro da sede e a correta hidratação destes pacientes deve ser guiada por parâmetros clínicos e laboratoriais.
Vale destacar também que a necessidade hídrica diária não é exclusiva para o consumo de água. O consumo de alimentos e de outros líquidos também contribuem para manutenção da hidratação.
Referências Bibliográficas:
  • “Drink at least eight glasses of water a day.” Really? Is there scientific evidence for “8 × 8”? Heinz Valtin, American Journal of Physiology – Regulatory, Integrative and Comparative Physiology, doi: 10.1152/ajpregu.00365.2002, published online 1 November 2002.
  • Waterlogged?, Margaret McCartney, BMJ, doi: 10.1136/bmj.d4280, published online 12 July 2011, abstract.

3 métodos eficazes para interromper o tabagismo


O tabagismo afeta milhões de pessoas pelo mundo, direta e indiretamente, somente no Brasil estimam-se que 10,8% da população seja fumante. Este vício contribui para elevação significativa dos custos no sistema de saúde, sendo responsável por internações e complicações de doenças cardiovasculares, além de ser fator causal relacionado a metade das mortes relacionadas a 12 tipos diferentes de neoplasia.

A luta contra o tabagismo é extremamente complexa visto o nível de dependência desencadeado pela droga que é “legal”. Apesar de cada vez menos socialmente aceita, basta ver restrição as campanhas publicitárias, impedimento do ato de fumar em diversos locais, e das nova filosofia moderna onde trata-se o tabagismo como uma mal e não mais como um símbolo de status, o número de tabagistas que desejam interromper o vício e não consegue ainda é grande.
Um estudo publicado no JAMA (The Journal of the American Medical Association), no final de janeiro, comparou técnicas para interromper o tabagismo utilizando vareniciclina e nicotina. O estudo buscou comparar o uso do adesivo de nicotina (monoterapia) vs associação de terapias para reposição de nicotina vs vareniciclina por 26 semanas.
Foram randomizados 1086 tabagistas, idade média de 48 anos, consumo diário médio de 17 cigarros, fumantes em média há 29 anos. Os pacientes foram divididos em 3 grupos por 12 semanas de intervenção:
  • Vaaneciclina, dose inicial de 0,5 mg/dia e aumento progressivo até 1 mg em 2x/dia;
  • Adesivo de nicotina de 21 mg, em adesivos de 7 mg por 8 semanas;
  • Adesivos de nicotina como descrito acima, somado a 2 a 4 mg de pastilhas de nicotina diária.
Todas as doses foram ajustadas de acordo com o histórico do pacientes e efeitos colaterais.
Aproximadamente 16% dos pacientes desistiram do estudo após o seu início, a taxa de interrupção do tabagismo (relatório do paciente e análise de monóxido de carbono exalado) apontou resultado similar para os 3 tipos de intervenção: 35% na semana 4, 30% na semana 12, 25% na semana 26 e 20% na semana 52. Não havendo superioridade entre o método escolhido.
A frequência de efeitos colaterais também foi similar intergrupos. Sendo mais comum para a vareniciclina a insônia, sonolência e náuseas, enquanto para nicotina foram coceira e rash.
Esse estudo levanta o questionamento sobre a real superioridade da vareneciclina e das terapias combinadas de nicotinas, sobre o uso simples do adesivo de nicotina em monoterapia. Todas as abordagem farmacológicas apresentam bons resultados quando associadas a uma estrutura adequada de apoio psicossocial e acompanhamento, além e acima de tudo a vontade do paciente em querer interromper o tabagismo.
Referências:
Timothy B. Baker et al. Effects of Nicotine Patch vs Varenicline vs Combination Nicotine Replacement Therapy on Smoking Cessation at 26 Weeks – A Randomized Clinical Trial – JAMA. 2016;315(4):371-379. doi:10.1001/jama.2015.19284.

quinta-feira, 3 de março de 2016

A importância das cores.

Todos sabemos da importância de uma dieta balanceada,  porém nem todos conseguem segui-la... Seja por questão de gosto,  condições ou até mesmo por desconhecer o que contém cada alimento e onde age.  Por isso segue a dica do dia.  Bom final de tarde a todos. :-*